7 dicas para uma escola inclusiva e antirracista no dia a dia
Veja 7 dicas para tornar a escola mais inclusiva e antirracista, com ações práticas para combater o racismo e valorizar estudantes negros no dia a dia.
EDUCAÇÃO E MUSEU VIRTUAL
7 dicas para uma escola inclusiva e antirracista no dia a dia
O racismo não acontece apenas nas ruas ou nas redes sociais. Ele também está presente nos corredores escolares, nas salas de aula, nos materiais didáticos e nas palavras não ditas. Por isso, construir uma escola antirracista é uma tarefa urgente e diária, que vai muito além do 20 de Novembro.
Este artigo apresenta 7 ações práticas que podem ser aplicadas por educadores, gestores, estudantes e famílias para tornar a escola um espaço verdadeiramente inclusivo, seguro e transformador para crianças e jovens negros.
Por que criar um ambiente escolar antirracista?
A escola é um dos primeiros espaços sociais onde crianças e adolescentes aprendem sobre o mundo e sobre si mesmos. Se esse espaço silencia ou reforça preconceitos, ele compromete não só o aprendizado, mas também a autoestima e a saúde emocional dos estudantes negros.
Estudos apontam que o racismo escolar afeta diretamente o rendimento dos alunos e aumenta os índices de evasão, especialmente entre jovens negras e negros. Criar um ambiente antirracista é, portanto, garantir o direito à educação plena e com dignidade.
7 ações práticas para tornar a escola mais inclusiva
1. Criar murais e salas com representatividade negra
O ambiente visual da escola precisa refletir a diversidade do Brasil. Substitua imagens genéricas por fotos de estudantes negros, murais com heróis e heroínas negras, frases de autores como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez e Milton Santos. Incentive os próprios alunos a produzir cartazes sobre sua identidade, sua família e suas referências.
2. Implantar protocolos de combate ao racismo e bullying racial
A escola precisa ter um plano claro de ação para casos de racismo. Isso inclui escuta ativa, registro da ocorrência, encaminhamento para a coordenação e mediação com toda a turma. O site gov.br oferece cartilhas com orientações oficiais para o enfrentamento do racismo nas escolas públicas. Ter um protocolo ajuda a dar resposta imediata, acolhedora e reparadora às vítimas.
3. Incentivar a formação de grêmios estudantis pela igualdade racial
Grêmios não precisam se limitar a festas e eventos. Eles podem ser espaços políticos de escuta e ação antirracista. Incentive os alunos a criar comissões ou grupos temáticos para discutir questões raciais, propor projetos e representar a diversidade do corpo discente. Isso fortalece o protagonismo juvenil e o senso de pertencimento.
4. Realizar rodas de conversa sobre identidade e racismo
As rodas de conversa são ferramentas pedagógicas poderosas. Promova encontros entre estudantes, professores, lideranças da comunidade, artistas e familiares para discutir temas como identidade negra, colorismo, preconceito e ancestralidade. O importante é criar um espaço de fala seguro e respeitoso.
5. Trazer a comunidade negra para dentro da escola
Convide mestres da cultura local, artistas, griôs, rezadeiras, capoeiristas e mães de santo para compartilhar seus saberes. A presença dessas pessoas na escola quebra estereótipos, valoriza os saberes populares e aproxima a escola da realidade dos estudantes. Essas trocas também enriquecem o currículo com experiências afrocentradas.
6. Trabalhar o currículo com autores negros e histórias africanas
Inclua nos planos de aula autores e autoras negras, histórias africanas, saberes quilombolas, cosmovisões de matriz africana e debates sobre o racismo estrutural. A Lei 10.639/03 torna esse ensino obrigatório, mas ele ainda é pouco aplicado de forma contínua e crítica. Comece com pequenas inserções e vá ampliando ao longo do ano letivo.
7. Envolver as famílias nas ações antirracistas
Promova reuniões temáticas, oficinas, exposições e feiras que envolvam os pais e responsáveis. Quando a família se sente parte do projeto pedagógico, a transformação se fortalece. Incentive que as famílias compartilhem suas histórias, suas receitas, seus cantos e suas memórias com a escola.
Exemplo prático de transformação
Na cidade de Contagem (MG), uma escola pública criou o “Comitê Escolar Antirracista”, formado por professores, estudantes e responsáveis. O comitê promoveu formações internas, criou um mural fixo com personagens negras e implementou um protocolo de escuta para denúncias de racismo. Em menos de um ano, a escola viu melhorias na convivência, no engajamento dos alunos e no desempenho das turmas.
Recursos úteis para apoiar as ações
• Cartilha “Educação para as Relações Étnico-Raciais” – Ministério da Educação
• Plataforma Escola Sem Racismo (versões estaduais adaptadas)
• Projeto A Cor da Cultura – com vídeos, planos de aula e jogos educativos
• Programa de Formação do PNLD com foco em diversidade racial
Conclusão
Criar uma escola antirracista não é um projeto que se resolve em uma semana. É um compromisso cotidiano, coletivo e político com a construção de um futuro mais justo. Cada mural, cada conversa, cada gesto de acolhimento conta. A transformação começa no detalhe, mas só se sustenta com continuidade e coragem.
Uma escola verdadeiramente inclusiva não apenas acolhe a diversidade, mas a reconhece como centro da experiência educativa.
Sua escola já realiza alguma dessas ações?
Compartilhe suas experiências, dúvidas ou sugestões nos comentários e fortaleça essa rede por uma educação mais justa e acolhedora para todos.