
Museu Virtual da Comunidade Quilombola de São Tomé -BA
O Museu Virtual da Comunidade Quilombola de São Tomé – Bahia, é um espaço audiovisual, pictórico e textual que tem como propósito apresentar a Comunidade sob uma perspectiva decolonial.
Mais do que um repositório de informações, o Museu oferece uma experiência imersiva, convidando o/a visitante a conhecer, sentir e refletir sobre a riqueza da história, identidades, memórias, território e dos saberes do povo quilombola de São Tomé – Bahia.
A estrutura do Museu está organizada em Sessões Temáticas interligadas que dialogam entre si:
1. Histórias e Tradições
2. Território e Memórias
3. Educação e Identidade étnico racial
Ao final da visita, o/a visitante é incentivado(a) a deixar um relato sobre sua experiência, sugestões e impressões, contribuindo assim para o aprimoramento contínuo deste espaço de memória viva.
Este museu é, acima de tudo, uma forma de narrar a Comunidade a partir de suas vozes até então, silenciadas.
A ocupação do território da Comunidade Quilombola de São Tomé – BA carece de registros documentais que atestem com precisão esse processo. Não há fontes acessíveis que documentem a chegada dos primeiros homens, mulheres e crianças, o que dificulta a reconstrução de uma árvore genealógica detalhada da formação populacional local.
Essa ausência de registros oficiais evidencia as marcas de um negligenciamento histórico, reflexo das violências coloniais e da invisibilização dos povos negros. Ainda assim, sabe-se que esse território foi ocupado, transformado e sustentado pela força do trabalho de homens e mulheres negras, em grande parte submetidos à condição de escravizados, e que, ao longo do tempo, resistiram e reconstruíram formas de existência, identidade e pertencimento.
O processo de formação e constituição do território e da identidade étnico-racial da Comunidade Quilombola de São Tomé – BA apresenta particularidades que a diferenciam de outras comunidades quilombolas do Brasil.
Apesar de sua população ter vivenciado a condição de escravidão e sofrer, ao longo do tempo, com a sistemática negação, apagamento e euro-americanização de suas memórias e identidades, por meio de processos como a catequização, o embranquecimento e a estigmatização em diversos setores da sociedade, a resposta coletiva diante dessas violências históricas assumiu características singulares, através da arte e da música: como por exemplo o Reisado e as Ciganinhas.
A comunidade tem enfrentado tais imposições com uma postura marcada por resiliência e, por vezes, um aparente conformismo, o que não significa ausência de resistência, mas sim a adoção de formas próprias e muitas vezes sutis de sobrevivência e preservação cultural, adaptadas ao contexto local e às complexidades das relações sociais vividas ao longo de gerações.
Com a partida dos primeiros colonizadores, o território foi dividido em lotes e trocado por produtos com os/as escravizados/as. Aqueles que possuíam mais prestígio social com os colonizadores acabaram ficando com os lotes maiores e mais bem localizados, reproduzindo, assim, desigualdades desde os primeiros momentos de ocupação.
Ao longo do tempo, outras famílias oriundas de diferentes regiões da Bahia e do Brasil chegaram à localidade, dando continuidade ao processo de ocupação e colonização do território. Diante desse cenário, a população quilombola de São Tomé seguiu firme em um percurso de resiliência, como nos primeiros tempos, resistindo às injustiças históricas e encontrando formas de preservar sua presença, cultura e identidade no território.
A Comunidade Quilombola de São Tomé – BA foi oficialmente reconhecida como comunidade remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 2006, com base na prerrogativa assegurada pela Constituição Federal de 1988, que garante o direito à identidade étnica e territorial dos povos quilombolas.
Com esse reconhecimento, a comunidade inscreve-se na literatura e nas políticas públicas voltadas à temática quilombola como representante de uma nova tipologia de quilombo: as “querências” — territórios de pertencimento simbólico, histórico e afetivo, que se consolida, a partir de formas próprias de resistência, resiliência vínculo comunitário, construção identitária e de memórias africanas e afro brasileiras.
Nossa Equipe
Acreditamos que a verdadeira força reside na diversidade de cada indivíduo. Fundada por Rita Martins, nossa equipe é composta por profissionais apaixonados pela história, pela cultura e pela preservação do patrimônio quilombola.


Rita Martins
FUndadora / PESQUISADORA


Camilo Martins
DESIGNER