
Brincar Era Resistir: A Liberdade das Crianças Quilombolas em São Tomé
Descubra como a infância quilombola em São Tomé era feita de liberdade, criatividade e resistência. Brincar também é preservar memória.
PERSONAGENS E HISTÓRIAS DE VIDA
5/23/20253 min read
Brincar Era Resistir: A Liberdade das Crianças Quilombolas em São Tomé
“Quando não havia brinquedo comprado, havia imaginação. E ela era livre.”
Na Comunidade Quilombola de São Tomé, no sertão da Bahia, a infância não era feita de brinquedos caros, mas de tempo livre, quintais abertos, cacimbas, paus-de-empinar e muita criatividade.
Brincar, ali, era muito mais do que lazer. Era aprender, pertencer e resistir. Num mundo que tantas vezes nega à infância negra e rural o direito ao brincar, as crianças de São Tomé mostravam, e ainda mostram, que a liberdade também se aprende correndo descalço no barro.
O território como espaço de brincar
As ruas, os quintais, os riachos, as pedras e o chão batido eram o parquinho da comunidade. Em São Tomé, brincar era correr livremente sem muros nem cercas. Era juntar os amigos para inventar mundos com o que havia à volta.
Banho de cacimba
Corrida de saco
Bola de meia
Casinha de barro
Carrinho de lata
Subir em árvore para comer fruta no pé
Brincava-se com o corpo inteiro, com o tempo ao redor e com a alegria de estar junto.
Brinquedos feitos à mão e com criatividade
Quando não havia boneca de plástico, fazia-se boneca de sabugo. Quando não havia videogame, havia corrida, pega-pega, pipa, pião, peteca, bola de pano e cantigas.
Cada brinquedo era feito com o que se tinha: lata, madeira, barbante, folha, pedra, barro. E isso não era sinal de ausência, mas de presença criativa e cultural.
Esses brinquedos ensinavam:
Coordenação
Cooperação
Imaginação
Resistência à lógica do consumo
A infância como ato de liberdade negra
A infância quilombola em São Tomé não seguia os modelos das revistas ou da televisão. Mas ela era rica, em afetos, em presença, em tempo sem pressa.
Brincar era um ato político inconsciente. Era se afirmar como criança negra livre, em um país que tantas vezes tentou tirar a infância dos filhos do povo.
Enquanto brincavam, essas crianças aprendiam:
A se reconhecer
A confiar nos seus
A criar com o pouco
A valorizar a coletividade
O que perdemos com o esquecimento dessas práticas?
Hoje, muitas dessas brincadeiras estão desaparecendo, levadas pelo tempo, pela tecnologia, pela urbanização ou simplesmente pelo esquecimento.
Esquecer essas brincadeiras é perder:
Memória coletiva
Valores comunitários
Formas simples e ricas de educar e criar vínculos
Preservar essas lembranças é afirmar o valor da infância quilombola, da brincadeira livre, da cultura viva que resiste no riso de uma criança correndo no barro.
Conclusão
Brincar, em São Tomé, sempre foi muito mais do que diversão. Foi liberdade. Foi gesto de resistência. Foi a forma mais pura de dizer: "nós existimos, nós criamos, nós vivemos."
Que essa infância não fique só na lembrança. Que ela inspire outras, e que continue correndo, pulando, criando, no compasso livre da imaginação quilombola.
Qual era sua brincadeira preferida?
Deixe nos comentários ou envie um vídeo, uma foto ou um relato.
Vamos eternizar a infância de São Tomé juntos — brincando, lembrando e resistindo com alegria.
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