Dona Eunilde: cultura, resistência e dança nas Ciganinhas

Dona Eunilde mantém viva a tradição quilombola em São Tomé como líder das Ciganinhas e do Reisado, promovendo cultura, dança e memória coletiva.

PERSONAGENS E HISTÓRIAS DE VIDA

6/25/20255 min read

Dona Eunilde: cultura, resistência e dança nas Ciganinhas

Dona Eunilde é muito mais do que uma figura conhecida na Comunidade Quilombola de São Tomé, na Bahia. Ela é a própria personificação da resistência, da memória e da alegria coletiva. Com sua presença marcante e sua voz firme, ela atravessou gerações mantendo viva a cultura local, liderando com sabedoria tanto o tradicional Reisado quanto o grupo das Ciganinhas, manifestações que celebram a identidade quilombola através da música, da dança e da ancestralidade.

A cultura como forma de resistência

Nas comunidades quilombolas, cultura não é apenas celebração. É também um instrumento de luta, de fortalecimento e de pertencimento. Preservar tradições é resistir ao apagamento histórico e afirmar a existência do povo negro enquanto sujeito ativo de sua própria história.

As festas, os cantos, os batuques e os trajes não são apenas expressão estética, mas formas de transmissão de conhecimento e memória coletiva. Nesse cenário, Dona Eunilde surge como um pilar: ela compreendeu que manter vivas essas manifestações era manter vivo o próprio povo.

Tradições quilombolas como fonte de identidade

Desde cedo, as manifestações culturais foram fundamentais para a formação da identidade em São Tomé. O Reisado, com suas músicas, danças e figurinos coloridos, sempre foi mais do que um espetáculo. Era um ritual de pertencimento. Participar dele era ser parte ativa da história da comunidade.

O papel das manifestações culturais

Elas funcionam como escola, como palco e como sementeira de valores. Foi nesse contexto que Dona Eunilde cresceu, se formou e começou a ensinar, tanto no sentido formal da educação quanto no simbólico, da partilha de saberes.

Do Reisado às Ciganinhas: a jornada de Dona Eunilde

Quando o grupo tradicional do Reisado de São Tomé começou a perder força, Dona Eunilde não se calou. Com firmeza e afeto, ela deu continuidade à missão de preservar as raízes da comunidade, criando uma nova forma de manter viva a tradição: o grupo das Ciganinhas.

A importância do Reisado na infância da comunidade

No Reisado, Dona Eunilde dançava, cantava e também ensinava. Era uma forma lúdica de apresentar às crianças a beleza da cultura local, o valor da coletividade e o orgulho da herança quilombola. A cada apresentação, transmitia mais do que passos de dança: transmitia histórias, sentimentos e identidade.

A formação e resistência das Ciganinhas

Com o fim do Reisado, ela não deixou que o silêncio tomasse conta. Assumiu a frente do grupo das Ciganinhas, formado por meninas da comunidade. Por meio de ensaios, coreografias e figurinos, Dona Eunilde transformou o grupo em uma nova forma de resistência cultural e em uma das manifestações mais queridas da comunidade.

Ali, as crianças não aprendem apenas a dançar. Aprendem a se reconhecer enquanto negras, enquanto quilombolas, enquanto portadoras de um legado ancestral.

A força das mulheres quilombolas na cultura popular

O exemplo de Dona Eunilde revela algo profundo: a centralidade das mulheres quilombolas na manutenção das tradições culturais brasileiras. Mesmo em contextos adversos, elas seguram a ponta da corda, mantêm as rodas girando e garantem que os saberes não se percam.

Liderança, sabedoria e cuidado

Dona Eunilde lidera sem autoritarismo, mas com firmeza. Ensina com carinho, mas exige disciplina. E, acima de tudo, faz com amor. Sua atuação mostra que o cuidado com a cultura é também um cuidado com a comunidade, com os mais jovens e com as futuras gerações.

Ensinamentos de Dona Eunilde para o presente

Mais do que liderar grupos culturais, Dona Eunilde nos ensina sobre responsabilidade histórica. Seu trabalho nos lembra que é possível e necessário manter viva a chama da ancestralidade. Que a cultura negra é viva, forte e merece ser celebrada todos os dias.

Conclusão

Dona Eunilde é um exemplo de como cultura e resistência caminham lado a lado. Seu legado no Reisado e nas Ciganinhas é um convite à memória, à valorização das raízes e ao fortalecimento da identidade quilombola. Em tempos de apagamento e pressa, ela nos ensina a parar, ouvir os tambores e dançar junto à história que pulsa em cada canto da nossa terra.

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