
Enfrentar o Racismo com Quem Está na Base: Por que o Edital de 2025 é um Marco na Luta por Justiça Racial
O edital “Enfrentando o Racismo a partir da Base 2025” vai investir R$ 1 milhão no fortalecimento de até 20 grupos negros em todo o Brasil. Descubra quem pode participar, o que será financiado e por que apoiar iniciativas de base é essencial na luta por justiça racial
CURIOSIDADES E PATRIMÔNIO CULTURAL
6/17/20254 min read
Enfrentar o Racismo com Quem Está na Base: Por que o Edital de 2025 é um Marco na Luta por Justiça Racial
No Brasil, o racismo é uma estrutura histórica que continua moldando o presente. Ele se expressa nas desigualdades de acesso à educação, saúde, moradia, segurança e representação política. Mas é também nos territórios periféricos, nas comunidades quilombolas, nas igrejas de matriz africana e nas redes de cuidado popular que emergem formas criativas e potentes de enfrentamento ao racismo.
Nesse cenário, o edital "Enfrentando o Racismo a partir da Base 2025", lançado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos, representa mais do que um repasse de recursos. Ele afirma uma política de fortalecimento real das organizações negras de base, aquelas que atuam nos lugares onde a presença do Estado é frágil, mas onde a resistência é viva.
O que é o edital "Enfrentando o Racismo a partir da Base 2025"?
Esse é o quinto edital específico do Fundo Brasil voltado ao enfrentamento do racismo. A proposta é simples e poderosa: apoiar financeiramente até 20 grupos, coletivos ou organizações negras de base com até R$ 50 mil cada, totalizando R$ 1 milhão de investimento direto.
As inscrições estão abertas até 27 de junho de 2025, às 18h, e o resultado será divulgado até 10 de outubro de 2025.
O foco do edital está nas ações que enfrentam o racismo estrutural de forma interseccional, considerando também gênero, sexualidade, classe, território, religião e juventude.
Quem pode participar?
O edital é voltado especialmente para:
Grupos negros que atuam na base, com ou sem CNPJ;
Coletivos periféricos, quilombolas, urbanos ou rurais;
Iniciativas que enfrentam a violência policial, o racismo religioso, o racismo institucional e promovem ações afirmativas e educação antirracista.
Serão priorizadas as organizações que:
Atuam com pouco ou nenhum acesso a outros financiamentos;
Trabalham de forma comunitária, autônoma e contínua;
Envolvem mulheres negras, juventudes, LGBTQIA+ negros, pessoas com deficiência ou comunidades tradicionais.
O que pode ser financiado?
Os projetos podem incluir atividades como:
Fortalecimento institucional: planejamento estratégico, comunicação, gestão financeira, infraestrutura, compra de equipamentos;
Atividades formativas: oficinas, encontros, ações de mobilização, campanhas públicas;
Atendimentos comunitários: apoio jurídico, acolhimento, rodas de escuta, práticas de cuidado.
Essa abordagem demonstra que o edital compreende que lutar contra o racismo é também cuidar das estruturas que sustentam os territórios e os afetos.
Por que esse edital é necessário?
Em 2023, 87,8% das vítimas de intervenções policiais em nove estados eram negras, segundo dados levantados pelo próprio Fundo Brasil. A cada ano, a violência institucional e a negação de direitos reforçam a urgência de ações coordenadas para combater o racismo na raiz.
A desigualdade racial no Brasil não é um desvio: é um projeto histórico. E só pode ser combatida com o protagonismo de quem vivencia seus efeitos diariamente. Os grupos de base são fundamentais nesse processo, pois atuam em frentes como educação, memória, arte, segurança, saúde e espiritualidade.
A proposta do edital reconhece que não existe transformação social sustentável sem o protagonismo negro.
Enfrentar o racismo com quem está na base é valorizar o futuro
Ao apoiar essas organizações, o edital contribui para:
Garantir a permanência e autonomia das iniciativas negras;
Fortalecer redes de solidariedade e proteção comunitária;
Promover justiça racial com dignidade, pluralidade e pertencimento;
Reforçar a narrativa de que a luta antirracista deve ser liderada por quem está dentro dos territórios.
Como se inscrever?
As inscrições devem ser feitas até 27 de junho de 2025, às 18h, diretamente no site do Fundo Brasil de Direitos Humanos. Lá também está disponível o edital completo, além de um guia de perguntas frequentes.
O projeto deve ser objetivo, com ações mensuráveis, e ter duração de até 12 meses.
Conclusão
O edital "Enfrentando o Racismo a partir da Base 2025" é uma resposta concreta à necessidade de distribuir poder, recursos e visibilidade para quem há séculos sustenta a luta. Ele reafirma que a justiça racial não virá de cima, mas da base. E que toda política pública só faz sentido quando parte do princípio da reparação e do protagonismo de quem foi historicamente excluído.
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