Programar é Ancestral: Como a AfroPython Conf 2025 Resgata Saberes Negros na Era Digital

A AfroPython Conf 2025 mostra como a ancestralidade negra pode ser uma força criativa na tecnologia. Descubra como cultura, saberes tradicionais e programação se encontram neste evento transformador.

CURIOSIDADES E PATRIMÔNIO CULTURAL

6/15/20253 min read

Programar é Ancestral: Como a AfroPython Conf 2025 Resgata Saberes Negros na Era Digital

Em uma era em que falar sobre tecnologia geralmente remete a códigos frios, algoritmos e inteligência artificial, a AfroPython Conf 2025 propõe algo radicalmente novo — ou talvez ancestral: reconectar a inovação digital com os saberes e práticas das comunidades negras. Programar, nesse contexto, deixa de ser apenas uma habilidade técnica e passa a ser também um gesto de resistência, memória e reconstrução cultural.

O que é ancestralidade tecnológica?

A ancestralidade tecnológica é o entendimento de que os saberes tradicionais — como a oralidade, a coletividade, a escuta e a resolução comunitária de problemas — também são tecnologias. Elas sustentaram, durante séculos, sistemas sociais complexos em comunidades africanas e afrodescendentes.

No universo da programação, essa perspectiva ganha um novo sentido. Programar pode ser um ato ancestral quando:

  • valoriza a coletividade sobre a competição;

  • resgata narrativas que foram apagadas;

  • transforma o digital em espaço de reconhecimento e pertencimento;

  • conecta gerações por meio do ensino e da memória.

Essa abordagem propõe descolonizar o modo como a tecnologia é pensada, ensinada e aplicada.

Como a AfroPython Conf promove essa visão?

A AfroPython Conf nasceu para quebrar barreiras e reconstruir pontes entre pessoas negras e o universo da programação. Em 2025, com edições em Recife e no Rio de Janeiro, o evento reafirma seu compromisso com o protagonismo negro no setor tecnológico — e com a ancestralidade como motor da inovação.

Oficinas que unem cultura e código

Durante a conferência, oficinas práticas de Python são ministradas em um ambiente afetivo, acolhedor e antirracista. Aprender a programar ali não é uma tarefa solitária — é uma troca de saberes. E é nesse ponto que a ancestralidade entra: programar é visto como um processo coletivo, contínuo e conectado com a vivência e a identidade de cada participante.

Rodas de conversa com escuta ativa

As rodas de conversa da AfroPython não tratam apenas de dados e lógica de programação. Elas abordam temas como:

  • Representatividade negra na tecnologia

  • Saúde mental de pessoas negras na TI

  • Como construir redes de apoio duradouras

  • Tecnologias que curam e fortalecem comunidades

Esses espaços promovem o tipo de diálogo ancestral que constrói laços — e sistemas mais justos.

Por que isso importa no cenário atual da tecnologia?

O setor de tecnologia é um dos que mais cresce no mundo, mas segue sendo um ambiente marcado pela desigualdade racial. Eventos como a AfroPython Conf são fundamentais não apenas para a formação técnica, mas para redefinir os valores e as formas de produzir tecnologia.

Incluir a ancestralidade nesse processo significa:

  • resgatar histórias e símbolos apagados;

  • valorizar as experiências negras como potências criativas;

  • construir tecnologias centradas nas pessoas e não apenas no lucro;

  • mostrar para a juventude negra que ela pertence a esse futuro digital.

Programar é resistir. Programar é lembrar. Programar é ancestral.

A AfroPython Conf 2025 nos mostra que a tecnologia não precisa ser neutra, fria ou distante. Ela pode ser viva, afetiva, política e culturalmente potente. Ao unir a programação com a ancestralidade negra, estamos não só ocupando espaços, mas também reimaginando o que significa inovar.

Conclusão

A AfroPython Conf 2025 nos convida a olhar para a tecnologia não apenas como um conjunto de ferramentas, mas como um território de memória, identidade e transformação social. Ao unir saberes ancestrais com práticas digitais contemporâneas, o evento reafirma que programar também é um ato de resistência, pertencimento e criação coletiva. Em um mundo que ainda invisibiliza as contribuições negras na ciência e na tecnologia, eventos como este reacendem a chama da inovação com raiz.

Você já pensou que cada linha de código pode carregar uma memória, um canto, uma história?
Acesse o site da
AfroPython Conf, compartilhe esse conteúdo e apoie essa transformação digital com raiz!

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