Racismo estrutural: por que só esforço individual não basta?
Veja por que o racismo estrutural não é vitimismo e como só esforço individual não basta para superar desigualdades históricas no Brasil.
TERRITÓRIO E IDENTIDADE QUILOMBOLA
“Racismo Estrutural não é Vitimismo: Por que só esforço individual não basta?”
Por Camilo Simon – Comunidade Quilombola de São Tomé BA
Ainda hoje, muitas pessoas dizem que “basta se esforçar para vencer”, ou que falar sobre racismo estrutural é “vitimismo”. Mas essa visão simplifica realidades complexas e ignora desigualdades históricas que continuam moldando o Brasil.
Neste artigo, vamos mostrar por que essa falácia é perigosa, como o racismo estrutural funciona de verdade, e por que o esforço individual, embora importante, não é suficiente quando o sistema foi construído para excluir.
O que é racismo estrutural?
Racismo estrutural é o conjunto de práticas, normas e decisões muitas vezes invisíveis que reproduzem desigualdades raciais na sociedade. Ele está presente nas instituições, na forma como o mercado trata diferentes grupos e até nas oportunidades de acesso a direitos básicos como educação, saúde e emprego.
Ou seja, o racismo estrutural não depende de “ódio individual”, mas de um sistema que perpetua a desigualdade.
“É só se esforçar”: por que esse argumento não funciona?
O ponto de partida não é o mesmo
Dizer que todos têm as mesmas chances ignora que muitas pessoas negras crescem em contextos de pobreza, com escolas precarizadas, discriminação diária e poucas oportunidades de rede de apoio. Comparar trajetórias desiguais e exigir os mesmos resultados é injusto.
O racismo limita as oportunidades mesmo com qualificação
Estudos mostram que pessoas negras, mesmo com o mesmo currículo de uma pessoa branca, recebem menos chamadas para entrevistas. Mulheres negras enfrentam ainda mais barreiras por causa da combinação de racismo e machismo.
“Ser bom não é suficiente quando o sistema ainda te enxerga com desconfiança.”
Meritocracia só existe em condições de igualdade
A ideia de meritocracia só é válida quando todos têm as mesmas oportunidades. Mas no Brasil, o racismo estrutural interfere desde a infância até o mercado de trabalho. O resultado? A “linha de largada” nunca foi igual.
Por que falar sobre racismo estrutural não é vitimismo?
Falar sobre racismo estrutural é reconhecer as barreiras reais que impedem milhões de brasileiros de acessarem direitos básicos. É buscar justiça, e não privilégios. É levantar uma pauta urgente que não foi criada por ressentimento, mas por necessidade histórica.
Chamar isso de vitimismo é uma forma de silenciar a dor, deslegitimar a luta e manter o status quo, ou seja, deixar tudo como está, preservando as desigualdades e os privilégios de sempre.
Dados que comprovam: não é exagero, é realidade
Pessoas negras ganham, em média, 40% menos que pessoas brancas na mesma função.
Apenas 29,9% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por negros.
Jovens negros têm duas vezes mais chances de serem assassinados no país.
A maioria dos desempregados no Brasil é negra, segundo o IBGE.
Esses dados evidenciam que o racismo não é algo do passado. Ele molda as estruturas do presente. (Fontes: Agenda do Poder, dados do Sebrae, Correio Braziliense, pesquisa de 2020, G1, dados do Atlas da Violência 2021, CNN Brasil, dados do IBGE 2023)
Como cada pessoa pode contribuir?
Atitudes antirracistas no dia a dia
Ser antirracista não é apenas “não ser racista”. É agir ativamente contra o racismo. Isso inclui:
Corrigir comentários preconceituosos, mesmo que sejam “brincadeiras”.
Valorizar e consumir conteúdo produzido por pessoas negras.
Estar disposto a ouvir, aprender e repensar privilégios.
Apoio a iniciativas negras
Incentive projetos, empreendimentos e marcas lideradas por pessoas negras. Comprar de afroempreendedores, divulgar artistas negros e investir em iniciativas quilombolas são formas práticas de promover a equidade racial.
Conclusão
Falar sobre igualdade racial todos os dias não é exagero. É necessidade. O silêncio fortalece o racismo, enquanto a conversa constrói pontes. Ao trazer esse debate para a rotina, damos espaço para a escuta, o aprendizado e a transformação.
Faça parte da mudança!
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