
Reisado - A Dança e a Celebração da Tradição
O que é o Reisado?
O Reisado é uma das manifestações culturais mais vibrantes do Brasil, especialmente presente nas comunidades quilombolas e em regiões do Nordeste. O Reisado é uma expressão popular que mistura música, dança e teatro, celebrando a festa dos Santos Reis, que ocorre no período pós-Natal. Tradicionalmente, o Reisado envolve a encenação de uma história, a dança de figuras simbólicas e o canto de músicas festivas, e é uma forma de manter vivas as tradições ancestrais e a identidade cultural de diversas comunidades.




Origem e História
O Reisado tem raízes nas tradições da Europa medieval, mas ao longo do tempo, especialmente no Brasil, ele se fundiu com as práticas culturais africanas, afro brasileiras e indígenas, resultando em uma forma única de celebração. Inicialmente, o Reisado foi praticado nas igrejas e entre as classes mais altas como uma forma de comemorar o nascimento de Jesus e a visita dos Reis Magos. No entanto, com o tempo, a prática se popularizou e foi adaptada pelas comunidades rurais e quilombolas, como uma forma de resistir às imposições coloniais e afirmar a identidade cultural e as memórias desse povo.
Significado Cultural
O Reisado carrega um profundo simbolismo cultural, pois além de ser uma celebração religiosa, é também uma expressão de resistência cultural e social. Para a Comunidades Quilombolas de São Tomé no município de Campo Formoso - Bahia, representa uma forma de manter viva a herança africana, misturando rituais de origem afro brasileira com elementos do catolicismo popular. Durante o Reisado, as personagens que participam da encenação representam figuras como o Rei, a Rainha, o Vaqueiro, o Capitão do Reisado, e outros, todos com papéis importantes na narrativa da celebração.




O Reisado nas Comunidades Quilombolas
O Reisado tem uma presença marcante nas comunidades quilombolas, como a de São Tomé, na Bahia. Nessas comunidades, o Reisado é uma expressão de resistência cultural e de afirmação da identidade afro-brasileira. Durante o período das festas de Reis, a dança e a música do Reisado ganham as ruas e as praças, envolvendo todos os membros da comunidade em um grande ritual de celebração e preservação cultural.
Essas celebrações não só são uma oportunidade de manter vivas as tradições, mas também um momento de reunião familiar e comunitária. O Reisado, nessas comunidades, é uma maneira de recontar a história, expressar sentimentos religiosos e, principalmente, fortalecer os laços de pertencimento e identidade cultural.
Preservação do Reisado
O Reisado é uma das mais potentes expressões culturais da Comunidade Quilombola de São Tomé, na Bahia. Muito além de uma celebração religiosa, ele é um ato de resistência, fé e afirmação da identidade afro-brasileira, misturando elementos do catolicismo popular com raízes africanas que atravessam gerações. A encenação tradicional envolve personagens simbólicos — como o Rei, a Rainha, o Capitão, o Vaqueiro — que compõem uma narrativa viva e profundamente enraizada na oralidade e na coletividade.
Entre os anos de 2023 e 2025, a comunidade atravessa um rito de passagem delicado e simbólico. Com apenas dois mestres antigos ainda vivos, como o querido Sr. João Reis, o Reisado passa por uma transição. Sr. João, como guardião da tradição, era conhecido por cantar as chulas — cantigas improvisadas, cheias de poesia, crítica social e sabedoria popular, que dão alma e ritmo à celebração.
Diante do risco de apagamento dessa prática, surgem com força e ternura as Ciganinhas — senhoras da própria comunidade, que assumem com coragem o papel de manter viva a tradição do Reisado. Com seus passos, vozes e gestos, elas não apenas preservam a memória dos que vieram antes, como também reafirmam a força da coletividade quilombola, atualizando a tradição com respeito e vitalidade.
O Reisado de São Tomé segue vivo — não apenas como festa, mas como herança, resistência e expressão profunda da alma de um povo.


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