Sr. João Reis: voz e ritmo do Reisado em São Tomé

Conheça Sr. João Reis, líder do Reisado em São Tomé, e sua importância para manter viva essa expressão cultural quilombola no sertão baiano.

PERSONAGENS E HISTÓRIAS DE VIDA

5/25/20254 min read

Sr. João Reis: voz e ritmo do Reisado em São Tomé

A música, a dança e a fé são pilares da cultura quilombola. Em São Tomé, interior da Bahia, uma figura se destaca como símbolo vivo dessa tradição: o Sr. João Reis. Com sua voz firme e seu compasso preciso, ele conduz uma das manifestações culturais mais importantes da comunidade, o Reisado. Líder respeitado e guardião das memórias do povo, Sr. João é o exemplo de como a cultura oral e o fazer coletivo mantêm viva a identidade quilombola.

Raízes profundas na história do Reisado

Sr. João Reis vem de uma família que ajudou a fundar e fortalecer o Reisado em São Tomé. Desde muito jovem, ele participou das festas populares da comunidade, aprendendo com os mais velhos os cânticos, os passos e os rituais que compõem essa tradição.

Com o passar dos anos, tornou-se referência e liderança do grupo. Não apenas canta e toca, mas orienta, organiza e preserva os rituais que envolvem o Reisado. Sua trajetória se confunde com a própria história dessa manifestação cultural, que mistura elementos religiosos, cênicos e musicais.

O som que conecta gerações

O papel do Sr. João vai além de um mestre de cerimônias. Ele é quem dá ritmo, compasso e direção ao Reisado. Sua voz é reconhecida por toda a comunidade como a guia dos cantos e toadas que animam as festas, especialmente as celebrações do ciclo natalino.

A musicalidade de Sr. João não vem apenas da técnica. Vem da alma. Cada canção que entoa é carregada de história, fé e pertencimento. Sua presença nas festas é um elo entre passado e presente. Jovens e crianças acompanham seus passos com admiração e respeito, aprendendo com ele não apenas a dançar, mas a compreender o sentido mais profundo do que é ser quilombola.

Guardião da cultura viva

Durante décadas, Sr. João Reis foi responsável por organizar e coordenar as apresentações do Reisado. Com paciência e dedicação, ele transmitiu seu conhecimento para novas gerações, ensinando os cantos tradicionais, os rituais de entrada, as reverências e os passos coreografados.

Ele entende que manter o Reisado vivo é também garantir que a comunidade se reconheça como herdeira de uma cultura rica, diversa e resistente. Para isso, ele não apenas canta, mas também compartilha histórias, relembra os mais velhos e reforça o valor da coletividade.

O sentido do Reisado para São Tomé

Mais do que uma apresentação festiva, o Reisado é um rito de identidade. Ele envolve o sagrado, o profano, o lúdico e o político. Em São Tomé, a manifestação é espaço de celebração, fé, alegria e resistência. Sr. João compreende isso em sua essência.

Ele afirma que enquanto houver Reisado, haverá memória viva na comunidade. O grupo representa um laço com os antepassados, uma forma de manter viva a espiritualidade negra, e uma ferramenta de afirmação da cultura afro-brasileira diante das perdas e silenciamentos impostos pela história.

Conclusão: um líder que canta a ancestralidade

Sr. João Reis é mais que um mestre do Reisado. Ele é um líder comunitário, um educador popular e um guardião da ancestralidade quilombola. Seu compromisso com a cultura de São Tomé inspira e fortalece toda a comunidade.

A cada canto puxado, a cada passo guiado, ele afirma que ser quilombola é resistir com arte, com fé e com memória. Sua trajetória é um legado. Sua voz é um patrimônio. Sua liderança é uma celebração da identidade negra que pulsa viva em São Tomé.

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