
A Arte da Palavra Cantada: Curiosidades Sobre as Chulas em São Tomé
Descubra o que são as chulas na Comunidade Quilombola de São Tomé (BA): cantos improvisados, rimados e cheios de sabedoria popular. Este artigo revela as origens, os usos e os significados dessas expressões culturais, valorizando a tradição oral afro-brasileira e seu papel na identidade quilombola.
CURIOSIDADES E PATRIMÔNIO CULTURAL
6/13/20253 min read
A Arte da Palavra Cantada: Curiosidades Sobre as Chulas em São Tomé
Na Comunidade Quilombola de São Tomé, em Campo Formoso – BA, tradição e poesia se entrelaçam em uma das expressões mais ricas da oralidade quilombola: as chulas. Mais do que simples frases, as chulas são cantos improvisados, rimados e carregados de sabedoria, que circulam entre os mais velhos e os jovens como um fio condutor da memória, da crítica social e da resistência cultural.
O que são as chulas?
As chulas são uma forma de canto oral tradicional, feitas de forma improvisada e geralmente em tom de brincadeira, conselho ou crítica. São faladas ou cantadas em ritmo marcado, e muitas vezes rimam com leveza e ironia, trazendo reflexões profundas sobre o cotidiano, os costumes, as relações e a vida na comunidade.
Diferente dos provérbios populares, que geralmente têm forma fixa e são passados de geração em geração de maneira estável, as chulas são improvisadas na hora, surgindo como resposta a uma situação, uma fala ou até um desafio. Elas têm espírito, ritmo e muita vivacidade.
A origem das chulas em São Tomé
A prática das chulas tem raízes na tradição oral africana, que chegou ao Brasil por meio dos povos escravizados e encontrou refúgio nas comunidades quilombolas. Em São Tomé, essa herança foi adaptada à realidade local, criando um estilo próprio, onde a voz se transforma em instrumento de sabedoria e resistência.
Durante anos, as chulas foram passadas de boca em boca, em rodas de conversa, nos terreiros das casas, em festas e mutirões. Sempre com um tom de sabedoria disfarçada de brincadeira, elas viraram parte da identidade local.
Onde surgem as chulas?
As chulas estão por toda parte em São Tomé. São ouvidas em:
Rodas de conversa entre os mais velhos, enquanto tomam café ou descansam após o roçado.
Festas tradicionais, como o Reisado e a celebração de São Tomé, onde surgem em forma de versos cantados entre os participantes.
Rituais cotidianos, como o preparo da comida ou a lida com os animais, onde alguém puxa uma rima e o outro responde.
Elas podem ser engraçadas, sábias ou provocativas. Muitas vezes, funcionam como uma forma sutil de educação comunitária, ensinando sem bronca, aconselhando sem impor.
Exemplos de chulas que marcaram gerações
Algumas chulas se tornaram famosas dentro da comunidade e continuam sendo cantadas até hoje. Veja alguns exemplos:
“Quem tem língua grande, corta o fio da amizade.”
(Advertência sobre o poder das palavras)
“Melhor viver com pouco e paz do que com ouro e solidão.”
(Reflexão sobre os valores da vida)
“Na boca do velho tem livro que não se vende.”
(Exaltação à sabedoria dos mais velhos)
Esses versos mostram como as chulas trazem, em poucas palavras, uma densidade emocional e cultural imensa.
Por que preservar essa tradição é essencial?
As chulas são mais do que rimas improvisadas: são um registro vivo da memória coletiva, uma forma de ensinar, celebrar, resistir e manter a identidade de São Tomé viva. Quando um jovem aprende a fazer uma chula, ele não está apenas rimando – está conectando-se com sua ancestralidade.
Em tempos de padronização cultural, manter vivas essas expressões únicas é um ato de resistência. As chulas, com sua espontaneidade e sabedoria, lembram que o conhecimento pode ser passado com leveza, mas nunca com superficialidade.
Conclusão
A Comunidade Quilombola de São Tomé é um tesouro de tradições, e as chulas são uma de suas joias mais preciosas. São o som da história sendo contada em tempo real, pela voz de quem vive e sente o quilombo.
Gostou de conhecer essa tradição?
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