Curiosidades Sobre as Plantas Medicinais de São Tomé: Sabedoria Que Cura

Conheça as principais plantas medicinais usadas na Comunidade Quilombola de São Tomé (BA) e descubra como a sabedoria ancestral sobre ervas cura o corpo e fortalece a cultura. Um mergulho nas tradições de cuidado, espiritualidade e oralidade que atravessam gerações.

CURIOSIDADES E PATRIMÔNIO CULTURAL

6/13/20253 min read

Curiosidades Sobre as Plantas Medicinais de São Tomé: Sabedoria Que Cura

Na Comunidade Quilombola de São Tomé, em Campo Formoso – BA, a natureza não é apenas paisagem: ela é remédio, conselho e herança. Entre quintais, matas e beiras de estrada, crescem plantas que, há gerações, são utilizadas como cura para o corpo e para o espírito. Neste artigo, vamos conhecer algumas curiosidades sobre as plantas medicinais da comunidade e como elas revelam a sabedoria ancestral que resiste no tempo.

A natureza como farmácia do quilombo

Muito antes de qualquer farmácia, os moradores de São Tomé já sabiam onde encontrar cura: no pé da planta, na folha cheirosa, no chá quente passado de avó para neto. O conhecimento das ervas medicinais circula pela oralidade, no cuidado com o outro, no olhar atento de quem sabe identificar um mal-estar só de ouvir o modo como a pessoa fala.

Esse saber, construído com base na experiência e na escuta, tem valor inestimável e vem sendo transmitido geração após geração.

5 plantas medicinais e suas utilidades em São Tomé

Conheça algumas das plantas mais usadas na comunidade e o que elas representam:

1. Erva-cidreira (Melissa officinalis)

Muito usada em forma de chá, a erva-cidreira é indicada para insônia, ansiedade e problemas digestivos. Na comunidade, ela é conhecida por “acalmar o coração” e costuma ser a primeira opção quando alguém está agitado ou com dificuldade de dormir.

2. Boldo (Plectranthus barbatus)

Com sabor forte e propriedades digestivas, o boldo é usado para dores no estômago, ressaca e limpeza do fígado. Em São Tomé, se diz que “um chá de boldo é o conselho das mães em forma de planta”.

3. Alfavaca (Ocimum gratissimum)

Conhecida pelo aroma intenso, é utilizada contra tosses, resfriados e dores de cabeça. Também está presente em banhos de limpeza espiritual, reforçando sua importância física e simbólica.

4. Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)

Utilizada no tratamento de pedras nos rins e infecções urinárias. O nome já entrega seu poder – e na comunidade é vista como planta “braba”, mas milagrosa.

5. Erva-de-bicho (Polygonum punctatum)

Pouco conhecida fora dos territórios tradicionais, essa planta é usada para tratar inflamações e hemorroidas. Os mais antigos dizem que “ela cuida dos males que ninguém quer falar”.

Como o conhecimento é repassado na comunidade

Não existe apostila. O saber está nas mãos de quem cuida. As mães, parteiras, rezadeiras e trabalhadores do campo vão ensinando aos poucos, na prática: mostrando a folha, explicando como colher, como preparar e, principalmente, quando usar.

As crianças crescem ouvindo essas receitas e, com o tempo, vão se tornando guardiãs da tradição. O respeito à natureza é parte do processo: não se arranca planta à toa, não se colhe sem intenção.

A relação espiritual com as ervas

Muitas das plantas usadas em São Tomé também têm valor espiritual. São colocadas em banhos de descarrego, defumações ou usadas em momentos de oração. A alfavaca, por exemplo, é considerada planta de limpeza, tanto física quanto energética. Já o alecrim, além de usado para memória, é colocado atrás da orelha para espantar pensamentos ruins.

Essas práticas mostram como corpo, mente e espírito caminham juntos na medicina ancestral quilombola.

Por que valorizar os saberes ancestrais da natureza?

Em tempos de remédios industrializados e rotinas aceleradas, o saber tradicional sobre plantas medicinais corre o risco de desaparecer. Valorizar essa herança é garantir que o povo quilombola siga cuidando de si mesmo com o que tem, com o que conhece e com o que respeita.

Além disso, o uso das plantas ensina algo que vai além da cura: ensina cuidado, paciência, respeito ao tempo da natureza e escuta ao próprio corpo.

Conclusão

As plantas medicinais de São Tomé não estão apenas nos quintais – elas estão nos ensinamentos, nas mãos de quem prepara um chá, nos olhos de quem observa a natureza com atenção. São remédios que curam e memórias que ensinam.

Gostou de conhecer essas curiosidades?

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