
Saberes Ancestrais Quilombolas: Como a Memória Oral Preserva a Identidade Coletiva
A memória oral quilombola é uma poderosa ferramenta de preservação cultural. Descubra como os saberes ancestrais da Comunidade de São Tomé resistem ao tempo e fortalecem a identidade do povo.
SABERES ANCESTRAIS E MEMÓRIA ORAL
6/10/20253 min read
O que são saberes ancestrais e memória oral?
Em muitas comunidades tradicionais, como o Quilombo de São Tomé, o conhecimento não é guardado em livros — ele é vivido, falado e passado de boca em boca. Essa transmissão é o que chamamos de memória oral: um elo entre passado, presente e futuro.
Os saberes ancestrais são conhecimentos construídos ao longo de gerações: sobre o corpo, a terra, o tempo, a espiritualidade e a convivência. Na cultura quilombola, esses saberes foram essenciais para a resistência contra o apagamento histórico e cultural.
O papel da oralidade na comunidade de São Tomé
Cantigas, rezas e histórias que ensinam
Na Comunidade Quilombola de São Tomé, a memória oral vive nas cantigas entoadas nas festas, nas rezas da madrugada, nas histórias de encantamento contadas ao pé da fogueira e nas chulas do Sr. João.
Essas falas não são apenas lembranças: são ensinos codificados em forma de música, conto ou conselho. São elas que ensinam como tratar uma doença com ervas, como respeitar o outro, como plantar e colher, como rezar para proteger a casa.
Provérbios e conselhos dos mais velhos
Frases como "Menino que não ouve conselho, ouve coitado" ou "A água corre mansa, mas carrega o mundo" são ditos comuns entre os mais velhos. Esses provérbios, com sabedoria simples e direta, guardam visões de mundo que ajudam a educar e orientar os mais jovens.
Por que a memória oral é uma forma de resistência cultural?
Durante séculos, o povo quilombola foi silenciado nos registros oficiais. A escrita da história excluiu ou deturpou suas vivências. Por isso, a oralidade se tornou uma ferramenta de sobrevivência cultural.
Enquanto os livros apagavam, os mais velhos contavam. E ao contar, ensinavam e resistiam.
A memória oral também resiste à ideia de que só o conhecimento formal, escolarizado e documentado tem valor. Ela reafirma que existem outras formas legítimas de saber, construídas pela experiência e pela coletividade.
Como preservar esses saberes na era digital?
A boa notícia é que os saberes orais não estão presos ao passado. Eles continuam vivos — e podem ganhar ainda mais força com a tecnologia, desde que usada com respeito e escuta.
Projetos escolares e rodas de conversa
Na educação quilombola, é possível criar projetos que envolvam entrevistas com os mais velhos, criação de murais com provérbios, recriação de histórias contadas em aula, e a valorização da fala como conteúdo.
As rodas de conversa entre gerações também são formas de manter essa chama acesa.
Museus virtuais e registros comunitários
Projetos como o Museu Quilombola Virtual de São Tomé mostram que a memória oral pode habitar o mundo digital. Ao registrar em áudio, vídeo ou texto os saberes dos mestres e mestras da comunidade, criamos um arquivo vivo e acessível, que honra o passado sem deixar de dialogar com o presente.
Conclusão
Os saberes ancestrais e a memória oral são raízes que mantêm a comunidade de São Tomé de pé. Eles ligam cada geração à anterior, preservando não só costumes, mas a própria dignidade de um povo.
Em cada história contada, em cada canção entoada, em cada conselho passado com carinho, há um pedaço de identidade que se mantém — não por obrigação, mas por afeto e pertencimento.
Ajude a manter viva a memória do nosso povo. Compartilhe esse conteúdo e incentive rodas de conversa e registros orais na sua comunidade.
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